Telegestão em Iluminação Pública: como os sensores estão redefinindo as PPPs no Brasil

telegestão em iluminação pública

Introdução: digitalização das redes públicas e o novo papel da iluminação

O Panorama das PPPs de Iluminação Pública no Brasil, segundo a 5ª edição do relatório da ABCIP, mostra que o país já conta com 146 contratos assinados, distribuídos por 173 municípios, totalizando aproximadamente 5 milhões de pontos de luz e beneficiando 57 milhões de brasileiros. O volume contratado nessas parcerias ultrapassa R$ 32 bilhões, consolidando o setor como um dos principais vetores de modernização da infraestrutura urbana nacional. Essas parcerias não só impulsionam a substituição de tecnologias antigas por luminárias LED mais eficientes, mas também abrem caminho para a adoção em larga escala de soluções inteligentes como a telegestão em iluminação pública, a fotometria adaptativa, a gestão energética em tempo real e a integração com sensores urbanos. Trata-se de um novo paradigma de iluminação pública onde eficiência, conectividade e dados caminham juntos para transformar a experiência urbana.

A iluminação pública está atravessando uma transformação histórica no Brasil. Com mais de 170 contratos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) formalizados, segundo a 5ª edição do Panorama da ABCIP, o setor vive uma onda de modernização orientada por eficiência, controle de consumo e integração com tecnologias urbanas. No centro dessa revolução está a telegestão em iluminação pública, viabilizada por sensores inteligentes e conectividade em tempo real. Esse movimento não apenas redefine a função das luminárias, mas amplia o papel da infraestrutura pública como plataforma de dados, segurança e inteligência urbana.

Panorama de PPPs de Iluminação Pública no Brasil – Fonte ABCIP

O que é telegestão e como funciona nas luminárias

Telegestão é a capacidade de monitorar e controlar remotamente os pontos de iluminação pública por meio de sensores, controladores e sistemas de comunicação embarcados nas luminárias LED. Esses dispositivos inteligentes, integrados a redes LPWAN, NB-IoT ou ZigBee, formam uma malha digital que permite o gerenciamento em tempo real da infraestrutura luminotécnica urbana.

As funcionalidades incluem:

  • Detecção imediata de falhas, com envio automático de alertas para centrais de operação;
  • Medição individualizada de consumo energético, possibilitando diagnósticos granulares por luminária;
  • Ajuste dinâmico da intensidade da luz com base em sensores de presença, fotocélulas ou perfis programados (como redução noturna ou aumento em vias com movimento);
  • Criação de clusters de operação, permitindo zonas com lógica de funcionamento específica (parques, áreas escolares, zonas industriais etc.);
  • Sincronização com variáveis ambientais, como umidade, ruído e qualidade do ar, nos casos em que há sensores multivariados instalados;
  • Geração de relatórios automatizados, com dashboards gerenciais e integração com plataformas municipais de gestão.

Esse modelo de controle distribui inteligência pela rede de luminárias, criando um ecossistema urbano autônomo, resiliente e interoperável. A telegestão, assim, atua como catalisadora de políticas públicas orientadas por dados (data-driven lighting), elevando o padrão técnico da operação, otimizando recursos e abrindo espaço para novos modelos como iluminação responsiva sob demanda (on-demand lighting), economia circular e prestação de serviços agregados a partir da mesma infraestrutura (como Wi-Fi público, videomonitoramento e rede LoRa pública).


Benefícios diretos para as PPPs e para o gestor público

Em contratos de PPP, a remuneração está frequentemente atrelada ao desempenho técnico e operacional dos sistemas de iluminação. A telegestão se apresenta como um pilar estratégico nesse modelo, pois fornece um ecossistema de dados auditáveis que eleva a previsibilidade técnica, financeira e jurídica da concessão. Ao permitir que cada ponto de luz seja monitorado individualmente e em tempo real, cria-se um novo paradigma de gestão pública orientada a resultados.

Os benefícios operacionais mais recorrentes incluem:

  • Economia de energia validada por telemetria, com medição ponto a ponto que possibilita comparações em diferentes cenários e perfis urbanos;
  • Gestão integrada de falhas, com redução do tempo médio de reparo (MTTR), impactando diretamente no índice de disponibilidade do parque luminotécnico;
  • Controle das horas operacionais por luminária, permitindo detectar padrões de subutilização ou sobrecarga, além de otimizar o uso do recurso energético;
  • Planejamento de manutenções preditivas e preventivas, com base em ciclos históricos de consumo, falha e perfil de desgaste dos equipamentos.

Para o gestor público, essa visibilidade detalhada representa uma evolução importante: é possível fiscalizar a prestação do serviço com base em evidências digitais, acompanhar a aplicação da COSIP com dados confiáveis e prestar contas à sociedade e aos tribunais com maior assertividade.

Em âmbito internacional, países como Espanha, Reino Unido, Emirados Árabes e Cingapura já incorporaram a telegestão como critério técnico obrigatório em concessões e contratos públicos de iluminação. Relatórios da International Energy Agency (IEA) e da Smart Cities World indicam que sistemas com sensores geram economias que variam entre 35% e 50% no ciclo de vida da operação. No Brasil, apesar do avanço dos projetos, essa maturidade ainda é incipiente — abrindo espaço para que as cidades brasileiras adotem melhores práticas internacionais e elevem o padrão técnico das PPPs com base em performance validada.


Conexão com a COSIP, NBR 5101 e exigências regulatórias

Com a revisão da legislação sobre a COSIP, a cobrança da contribuição para iluminação pública será cada vez mais vinculada ao desempenho real do serviço. A NBR 5101:2012 exige, em seu item 5.1.2, que os sistemas sejam projetados para garantir segurança, durabilidade e desempenho fotométrico. A telegestão atende diretamente a essa exigência ao fornecer controle, previsibilidade e rastreabilidade técnica.

Além disso, a NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão) e a NBR 5419 (proteção contra descargas atmosféricas) reforçam a necessidade de integração entre sensores e dispositivos de proteção (como DPS e aterramentos), todos monitoráveis por sistemas inteligentes.


Cenário nacional e tendências tecnológicas

Segundo a ABCIP, mais de 130 cidades brasileiras já utilizam algum tipo de telegestão. Joinville, Ribeirão Preto e Teresina são exemplos de projetos com sensores integrados e gestão centralizada. As tendências apontam para:

  • Integração com câmeras, Wi-Fi urbano e sensores de qualidade do ar;
  • Expansão de redes NB-IoT para cobertura total de zonas periféricas;
  • Aplicação de padronizações TALQ e APIs abertas para interoperabilidade entre marcas e plataformas;
  • Utilização de plataformas de inteligência artificial para prever consumo, falhas e eventos de segurança pública;
  • Iluminação como serviço (LaaS), onde o município paga apenas pela performance efetiva.

Acompanhe o Ecogateway para mais análises sobre o avanço da energia solar, hidrelétrica e as inovações que moldam o setor elétrico nacional. Siga nosso perfil no Instagram @ecogateway, no LinkedIn e participe das comunidades técnicas no WhatsApp e Telegram.

Assuntos

Mais lidos

27

1

Brilha Goiânia leva iluminação de LED a 142 bairros e fortalece programa de modernização urbana

2

Telegestão em Iluminação Pública: como os sensores estão redefinindo as PPPs no Brasil

3

Cidades inteligentes lideram propostas por recursos do FDIRS, diz MIDR

4

PPP da iluminação pública em Joinville deve começar a operar em fevereiro de 2026

5

Consumo de eletricidade no Brasil recua 0,8% em abril, segundo EPE

Leia mais

Brilha Goiânia leva iluminação de LED a 142 bairros e fortalece programa de modernização urbana

Cidades inteligentes lideram propostas por recursos do FDIRS, diz MIDR

PPP da iluminação pública em Joinville deve começar a operar em fevereiro de 2026

Consumo de eletricidade no Brasil recua 0,8% em abril, segundo EPE

Fact sheet sobre hidrogênio no Brasil reforça transição energética, divulga EPE

Bandeira vermelha patamar 1 será ativada em junho, alerta a ANEEL

PUBLICIDADE